1 - APRESENTAÇÃO
A História da “minha” escola: Sua inserção na geografia local, sua relação com a comunidade e seus saberes, sua memória oral e visual num breve documentário audiovisual.
É de notório saber a quase inexistência de registros audiovisuais das diversas especificidades das escolas goianas e suas regiões.
Sempre que se buscam dados nesta área para a montagem de apresentações, análises históricas, levantamento de dados visuais para pesquisas geográficas, coleta de informações e caracterização visual para a própria Secretaria da Educação esbarra-se no mesmo problema: a ausência de um banco de áudio, de imagens fotografadas e uma filmografia propriamente dita.
Esta ausência produz dois resultados imediatos que aqui nos interessam mais:
Þ A perda da memória audiovisual das Escolas e suas comunidades;
Þ A inexistência de dados validos para contextualizar e avaliar tais Escolas e suas comunidades em uma perspectiva histórica e geográfica.
A mesma ausência interfere radicalmente no estabelecimento de políticas publicas que conheçam e respeitem as especificidades de cada comunidade sua realidade sócio-cultural, econômica, geográfica e histórica.
Muito se falou ao longo do nosso curso sobre a necessidade de conhecermos a realidade das regiões de nosso Estado que serão o local de algumas de nossas intervenções.
Ao debater isso imaginamos o imenso acervo audiovisual que nos brinda todos os dias a mídia e que, por sua força, nos condiciona a conhecer claramente o Plano Piloto, Foz do Iguaçu, O Cristo Redentor, a Pedra da Gávia, O Pelourinho, O Madson Square Garden, A Torre Eiffel, etc. Mas, e se nos perguntarem sobre aquele imenso amontoado de resíduos de mineração que formam uma montanha artificial na entrada de Minaçu? Qual seria nossa resposta?
Fica desta forma evidenciada a necessidade de iniciar um projeto que registre paulatinamente dados audiovisuais sobre as características geográficas, personagens, saberes, manifestações da cultura material e imaterial das Escolas e suas comunidades mais próximas.
O presente projeto pretende registrar, em uma produção audiovisual, no formato documentário com aproximadamente trinta minutos de duração, a memória e a inserção geográfica da Escola Estadual Professor Geraldo Ribeiro e sua comunidade.
O Colégio Estadual Professor Geraldo Ribeiro Da Silva esta encrustado em um dos maiores redutos do tráfico de drogas e mulheres de Aparecida de Goiânia. Professores e comunidade estão, infelizmente, habituados a sair perdendo nesta luta e acabam vendo seus alunos e filhos consumidos pelo crime.
Paradoxalmente, nos últimos cinco anos os alunos do Colégio, que já foram manchete de jornal pela violência, começaram a ganhar diversos prêmios tais como: Olimpíadas de Matemática, concursos de redação, concursos de poesia, festival de cinema, etc.
Contrariando as estatísticas da região duas Alunas – Natalia Chaveiro e Izabela Aguiar – ambas negras de famílias humildes e recursos parcos ganharam prêmios, participaram de forma relevante do “Pensar”, da 14ª e 15ª Mostra de Cultura e Feira de Ciências – SEDUC.
No cargo de diretoras do “Projeto Rádio e TV Cultura Livre” ao longo de quatro anos, contribuíram decisivamente na produção de CDs de música, vídeos-conteúdo e documentários, deram entrevistas em canais de TV e escreveram matérias publicadas no jornal Diário da Manhã.
Após participarem de exame de seleção as duas foram aprovadas pela CEFET neste Janeiro de 2011.
Isto nos leva a uma conclusão simples. A execução deste nosso “Projeto de Intervenção” contribuirá decisivamente para o resgate da autonomia, interesse, empoderamento e aumentará a noção de pertencimento e o protagonismo juvenil dos alunos desta unidade escolar. Tal projeto poderá, também, contribuir para influenciar positivamente a autoestima desta comunidade.
Dando relevância às suas vitorias contribuiremos para fortalecê-los em sua difícil luta diária.
Devemos contribuir par evidenciar e multiplicar seus acertos e tentar ajudá-los a visualizar e analisar criticamente o que os teria conduzido a condições tão extremadas de fracassos e sucessos.
No que se refere ás condições preexistentes para a produção do documentário tais como espaços, equipamentos, pessoal treinado e interessado, acervo de imagens e som, fotos, produções e prêmios a Escola os possui de maneira organizada.
Esta escola possui, como já mencionamos acima, um Projeto Rádio – Rádio e TV Cultura Livre – que foi ampliado para produção musical, produção de vídeos e divulgação na internet. O mesmo foi estruturado com ações do PDE, ao longo de seis anos de tal maneira que possui um bem estruturado estúdio digital de produção audiovisual e novas mídias.
Para finalizar gostaríamos de dizer que nosso “Projeto de Intervenção” ambiciona ser, também, um projeto piloto que poderá servir de ponto de partida para a criação de outros projetos que contribuirão para estruturar um imenso banco de dados audiovisuais sobre as escolas estaduais de Goiás e as comunidades que as cercam. Será, também, um importante instrumento para que escolas e comunidades aprofundem a discussão e a análise de seus problemas.